segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CABO DAS TORMENTAS...

foto ilustrativa obtida pela Rede Mundial de Computadores


Nesta sexta feira última (21/09), próximo ás 17h00m, retornando de Arraial do Cabo para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, fomos surpreendidos por um ciclone, que em poucos minutos tornou a navegação sem sentidos... iniciou com ondas altas, contrárias as rajadas de vento muito forte, que logo tornaram as ondas sem direção. Vindas de todos os lados jogavam a embarcação como uma bolinha de ping-pong, de um lado para o outro, em círculos, com um chacoalhar frenético... as escuras. O tempo fechado, as rajadas de vento e as chuvas reduziram a visão aos equipamentos de navegação, não se conseguia ver a proa da embarcação...Estávamos na embarcação eu e um amigo do GAM-RJ, com muitos anos de navegação e coordenação de operações, que declarou nunca ter visto nada igual.
A sensação de impotência de uma máquina tão cobiçada, a incerteza dos próximos minutos, as muitas possibilidades de sinistros.... eram os pensamentos que se confundiam neste momento. O pensamento não para nos momentos difíceis.. Tudo durou aproximadamente vinte minutos, que parecera uma eternidade.
Os coletes foram vestidos e tudo parecia estar certo... iríamos naufragar...
Relutamos por mais alguns minutos e depois de muitas idas e vindas, conseguimos avistar a Ilha do Papagaio, destino buscado para abrigar a embarcação e que se tornara impossível de ser acessado... conseguimos então direcionar a embarcação sentido sul, me chamou atenção neste momento que navegamos por alguns minutos e a lancha não conseguia se afastar da Ilha, tamanha a corrente marinha somada aos ventos deste dia... Enfim conseguimos superar a tormenta, adentrar ao canal e como se nada tivesse ocorrido ancoramos no Iate Clube do Rio de Janeiro. A cidade foi destruída pelo fenômeno, soubemos depois... 

Voltei à praia pela manhã, sentado ali na areia, pensava... como este mar tão calmo pode oferecer tanto perigo na noite passada... então um senhor morador local se aproxima, cumprimenta com um cordial bom dia e entra logo na narrativa do acontecido. Disse ele: Ontem passou por aqui um tufão daqueles, saiu arrancando árvores, destelhando casas e levando tudo que via pela frente. Eu estava ali... apontou ele para uma janela, no segundo pavimento de um sobrado do outro lado da rua, e vi uma grande nuvem preta, que parecia girar e levar tudo, que foi e voltou até cair no mar... mais ou menos perto daquela ilha... quando chegou ali, caiu no mar e era como se a água fervesse, parecia leite (espuma branca) foi um horror.... ouvi tudo calado, sem perceber fui ligando aquela narrativa ao que aconteceu com a lancha e levantei bem devagar, sacudi a areia do short e disse: Eu estava lá.. despedi me e voltei para o apartamento. Foi uma experiência impar... A vida tem seus muitos significados...

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