foto ilustrativa obtida pela Rede Mundial de Computadores |
Nesta sexta feira última (21/09), próximo
ás 17h00m, retornando de Arraial do Cabo para Cabo Frio, no Rio de Janeiro,
fomos surpreendidos por um ciclone, que em poucos minutos tornou a navegação
sem sentidos... iniciou com ondas altas, contrárias as rajadas de vento muito
forte, que logo tornaram as ondas sem direção. Vindas de todos os lados jogavam
a embarcação como uma bolinha de ping-pong, de um lado para o outro, em
círculos, com um chacoalhar frenético... as escuras. O tempo fechado, as
rajadas de vento e as chuvas reduziram a visão aos equipamentos de
navegação, não se conseguia ver a proa da embarcação...Estávamos na
embarcação eu e um amigo do GAM-RJ, com muitos anos de navegação e coordenação
de operações, que declarou nunca ter visto nada igual.
A sensação de impotência de uma máquina
tão cobiçada, a incerteza dos próximos minutos, as muitas
possibilidades de sinistros.... eram os pensamentos que se confundiam neste
momento. O pensamento não
para nos momentos difíceis.. Tudo
durou aproximadamente vinte minutos, que parecera uma eternidade.
Os coletes foram vestidos e tudo parecia
estar certo... iríamos naufragar...
Relutamos por mais alguns minutos e depois
de muitas idas e vindas, conseguimos avistar a Ilha do Papagaio, destino
buscado para abrigar a embarcação e que se tornara impossível de ser
acessado... conseguimos então direcionar a embarcação sentido sul, me chamou
atenção neste momento que navegamos por alguns minutos e a lancha não conseguia
se afastar da Ilha, tamanha a corrente marinha somada aos ventos deste dia... Enfim
conseguimos superar a tormenta, adentrar ao canal e como se nada tivesse
ocorrido ancoramos no Iate Clube do Rio de Janeiro. A cidade foi destruída pelo
fenômeno, soubemos depois...
Voltei à praia pela manhã, sentado ali na
areia, pensava... como este mar tão calmo pode oferecer tanto perigo na noite
passada... então um senhor morador local se aproxima, cumprimenta com um
cordial bom dia e entra logo na narrativa do acontecido. Disse ele: Ontem passou por aqui um tufão
daqueles, saiu arrancando árvores, destelhando casas e levando tudo que via
pela frente. Eu estava ali... apontou ele para uma janela, no segundo pavimento
de um sobrado do outro lado da rua, e vi uma grande nuvem preta, que parecia
girar e levar tudo, que foi e voltou até cair no mar... mais ou menos perto
daquela ilha... quando chegou ali, caiu no mar e era como se a água fervesse,
parecia leite (espuma branca) foi um horror.... ouvi tudo calado, sem
perceber fui ligando aquela narrativa ao que aconteceu com a lancha e levantei
bem devagar, sacudi a areia do short e disse: Eu estava lá.. despedi me e
voltei para o apartamento. Foi uma experiência impar... A vida tem seus muitos
significados...
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